terça-feira, 20 de março de 2012

Dentro de um abraço


Olá delícias, hoje coloco para vocês um trecho de um livro que estou apaixonada, "Feliz por Nada" da autora Martha Medeiros*. Super indico esse livro, ele trata sobre a questão de  fazer a opção por uma vida conscientemente vivida, mais leve, mas nem por isso menos visceral. Seja você também feliz por nada.


Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento?
Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do Brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estreia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível.
Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista.
E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?
Meu palpite: dentro de um abraço.
Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.
Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incer-ta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.
O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito.
Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beiramar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama?
Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria. Entrando na semana dos namorados, recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste.
12 de junho de 2008



*Martha Medeiros nasceu em Porto Alegre e é formada em Comunicação Social. Como poeta, publicou os seguintes livros: Strip Tease(Brasiliense, 1985), Meia-Noite e Um Quarto (L&PM, 1987) Persona Non Grata (L&PM, 1991), De Cara Lavada (L&PM, 1995), Poesia Reunida (L&PM, 1999) e Cartas Extraviadas e Outros Poemas (L&PM, 2001).

domingo, 18 de março de 2012

Paquera no BUS



 Olá pessoais, ando meio sem tempo AND sem inspiração pra escrever. To passando por confusões na minha cabeça, enfim, me perdoem pela falta sim. Vou continuar escrevendo quando puder. Mas vamos ao que interessa, historinha divertida.

Bom, eu ia pra escola de busão, sempre no mesmo horário, sempre o mesmo ônibus, o mesmo motorista e o mesmíssimo cobrador. Por falar em cobrador, demorem pra acreditar, tive um affair com o próprio (quando um amigo meu souber disso ele vai pirar), ahhhhh gente, ele era gentil, era até bonitinho, e convenhamos q adoramos quando alguém está afim de nós, mesmo sabendo que não rolará jamais, faz bem para o nosso ego. Ele ficava me olhando, eu fingia que tava sem graça, nadinhaaa tava era gostando, hahahaha (bixa má). 

Certo dia eu estava com uns problemas, estava triste e ele notou na hora, ficou super preocupado, perguntando o que eu tinha, não disse a ele, mas foi tão legal ver alguém que nem me conhecia se preocupando comigo. Nos final das contas trocaram ele de horário e ficou bem difícil de nos vermos, mas sempre que nos encontrávamos, conversávamos e ele me olhava do mesmo jeito.

Nunca mais o vi, nem sei se ainda o reconheço, mas tenho certeza que ele irá me reconhecer.

Boa semana a todos!! Bjinhos

sexta-feira, 2 de março de 2012

Casais que se magoam e se perdem no carnaval


Delícias coloquei um trecho do texto de Paulo Sternick* publicado na revista CARAS (Ed. 954 - ano 18 - 16/02/2012). Deliciem-se e levem para suas vidas.

Casais que se liberam no carnaval podem se magoar ou até se perder

A folia de Momo, com todo o seu apelo sensual, convida às ruas, aos salões, à liberdade e alguns casais, especialmente os que já enfrentam problemas, muitas vezes decidem se soltar: cada um vai para o seu lado aproveitar a momentânea fuga da realidade. Só que as dores e conquistas nem sempre são equivalentes e o resultado da brincadeira pode ser a dor, a separação, a saudade.

“Mas é carnaval de novo, você se dissolve, e a saudade aumenta.” A bonita letra do fado criado pela compositora e cantora paulistana Maria Gadú traduz a inquietação de muitos pombinhos, especialmente os que não têm certeza se poderão ficar juntos nos dias de folia. Sim, porque se alguns casais só veem no carnaval a oportunidade de viajar e relaxar por alguns dias, e tudo que desejam é se refugiar na montanha, numa praia ensolarada ou até numa metrópole como Nova York, outros são súditos fiéis de Momo, adoram blocos de rua, curtem desfilar nas escolas de samba. Vestindo ou não uma camisa amarela, saem por aí, e nem sempre o fazem ao lado de suas caras-metades.

Claro que brincar a dois, quando o casal está de bem com a vida, pode ser só riso e alegria. Mas é preciso que ambos se protejam do clima de sedução que reina nas ruas, nos bares e nos blocos de suas cidades, preservando com lealdade o bom astral da relação e não deixando que a vaidade de se sentir atraente supere a atenção para com ele ou ela. Afinal, o carnaval dura apenas alguns dias e a vida real prossegue depois do reinado de Momo. No entanto, há pessoas, especialmente as mais jovens, que ficam tão exaltadas com a folia que é como se não pensassem na existência do day after. O entusiasmo lúdico e sensual — estimulado pela imersão na massa — enfraquece os freios da razão e do bom senso. Entende-se que é preciso desligar alguns botões de controle para cair na folia, mas, convenhamos, não precisam ser todos!

A simples proximidade da festa já é capaz de mexer com casais que não andam muito bem das pernas. É que o carnaval traz significação muito forte de prazer, satisfação lúdica e sensual, encontros com amigos, conquistas amorosas, gente bonita e descontraída. Aí, leitor, imagine: o que fazer com uma relação enguiçada exatamente quando essa farra toda rola solta? Alguns insistem e ficam juntos. Estes devem aproveitar o momento para refletir sobre o que está dando errado, fazer um programinha tranquilo, assumira tristeza, e não idealizar a alegria, exagerando a satisfação que estão perdendo, ou a que os outros podem estar experimentando: nada é tão bom, ou eternamente bom, e nada é tão ruim, ou definitivamente ruim.

O Rei Momo, com sua mensagem de alegria e descontração, não imaginou que o carnaval pudesse levantar complexas questões para alguns casais. Claro, sempre houve as desventuras do Pierrô e da Colombina. Afinal, como tudo na vida, nada vem sem o seu contrário, e assim a alegria nem sempre está livre da tristeza. No meio da multidão.


*Paulo Sternick é psicanalista no Rio de Janeiro (Leblon e Teresópolis)